Taurina é um dos aminoácidos livres mais abundantes no cérebro, pode atuar de modo similar a um neurotransmissor, ajudando a equilibrar a atividade neuronal. Também possui atividade antioxidante, ajudando na proteção dos neurônios.
É o segundo aminoácido mais abundante no sistema nervoso e está relacionada com a produção e proteção de neurônios, além da condução dos impulsos nervosos auxiliando no aumento de concentração, memória e foco.
Além disso, esse aminoácido auxilia no controle a pressão arterial elevada, retarda a aterogênese induzida pelo colesterol e tem um papel no controle de arritmia. (1)
O que é Taurina?
Também conhecida como ácido 2-aminoetanossulfónico e quimicamente é classificada como um beta-aminoácido e sua fórmula molecular é C2 H7 NO3 S. E ao contrário de outros aminoácidos, ela não possui um centro quiral, o que significa que é opticamente inativa, ou seja, sua estrutura relativamente simples permite que ela desempenhe diversas funções dentro do organismo. (3)
A taurina é um aminoácido não proteico encontrado em concentrações muito elevadas na maioria das células, especialmente no cérebro, coração e músculos esqueléticos. Também está presente em diversos alimentos, como carnes, peixes, laticínios e bebidas energéticas.
O nome taurina deriva do latim taurus, que significa touro ou boi: na verdade, esse aminoácido foi isolado pela primeira vez da bile do boi, Bos taurus, em 1827 pelos cientistas alemães Leopold Gmelin e Friedrich. Tiedemann. (3)
A taurina é sintetizada, produzida no nosso fígado e foi muito estudada para identificar seus efeitos na saúde humana. É encontrada principalmente no fluido entre as células, onde desempenha um papel vital em vários processos fisiológicos, como exemplo no fígado, é combinada com ácidos biliares, formando sais biliares que auxiliam na digestão e absorção de gordura no intestino.
Benefícios para a Saúde Física
Para o ser humano esse é um nutriente considerado semi-essencial, embora as células sem taurina possam ficar deficiente. Essas descobertas estimularam o interesse no uso seu potencial como agente terapêutico.
A taurina desempenha um papel crucial na fisiologia cardiovascular. Numerosos estudos investigaram os potenciais efeitos deste aminoácido na saúde cardiovascular, concentrando os benefícios em ajudar a reduzir a pressão arterial, na contração cardíaca e na função vascular.
A propriedade antioxidante da taurina também pode auxiliar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como aterosclerose e insuficiência cardíaca. (3)
Estudos tem identificado que a taurina pode auxiliar na terapia contra a insuficiência cardíaca congestiva, em países como o Japão. E tem se mostrado promissora também no tratamento de várias outras doenças, como doenças musculares, do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular. (2) E protege as células diminuindo a sobrecarga de cálcio (Ca2+) através de mecanismos celulares.
A taurina tem sido recomendada também pelos benefícios na regulação metabólica e particularmente em relação ao metabolismo, processamento, da glicose e dos lipídios (gorduras).
Vários estudos indicam que o aminoácido pode ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina, sendo um ótimo benefício para indivíduos com diabetes tipo 2 ou aqueles em risco de desenvolver a doença.
Desempenho Físico com a Taurina
É comum identificarmos na lista de ingredientes a taurina em diversas bebidas energéticas e suplementos desportivos, com doses ~750 a 1000mg por lata de 240 mL). O motivo deste aminoácido estar presente nessas bebidas é devido ao seu papel na melhoria do desempenho físico.
No entanto, é importante observar que nessas bebidas energéticas também contém cafeína, que já foi associada a aumentos de percepção de energia.
Alguns estudos sugerem que a taurina pode melhorar a capacidade de exercício, reduzir os danos musculares e aliviar o estresse oxidativo induzido pelo exercício. Seu potencial para aumentar a contração muscular e diminuir a fadiga tem despertado interesse entre os atletas.
Benefícios para a Saúde Mental
A taurina está altamente concentrada no cérebro e vários estudos indicam que ela pode atuar como um neurotransmissor ou neuromodulador, influenciando a liberação de neurotransmissores e a função do receptor, afetando processos cognitivos, humor, comportamento, memória, aprendizagem e regulação da ansiedade. (4)
Os efeitos neuroprotetores, proteção dos neurônios, envolvem também a redução da morte celular e inflamação neuronal, tornando-o objeto de interesse em pesquisas sobre doenças neurodegenerativas e lesões cerebrais e oferecendo benefícios durante a recuperação do AVC. (4)
Mais estudos estão sendo realizados, mas devido às ações de proteção nas células e acúmulo cerebral de taurina pode constituir um mecanismo compensatório que tenta prevenir impactos na função cerebral. (4).
O benefício de neuroproteção ocasionado pela taurina tem sido identificado em muitas situações de lesão cerebral e neurodegeneração, ocasionando o aumento dos estudos de interesse nesta área.
Estudos relatam que os tratamentos com a presença do aminoácido têm melhorado significativamente a recuperação funcional após lesão cerebral traumática ou acidente vascular cerebral isquêmico.
Não só a taurina tem efeitos benéficos contra a neurodegeneração, mas também pode modular processos inflamatórios. (4)
Fontes de Taurina e Como Ingerir Adequadamente
A taurina é um aminoácido presente em maior quantidade em alimentos de origem animal, sendo os mais altos níveis vem de fontes marinhas como algas e mariscos.
Embora o corpo humano possa produzir taurina até certo ponto, a ingestão alimentar é essencial para manter níveis ideais. O leite materno, por exemplo, contém níveis elevados deste aminoácido, que são suficientes para os recém-nascidos.
Vegetarianos e veganos podem ter uma ingestão menor de taurina devido às suas restrições alimentares é importante avaliar a necessidade de suplementação junto ao profissional de saúde que o acompanha.
Fontes alimentares de taurina para cada 100g:
- Algas vermelhas, algas marinhas, secas – 979 mg
- Vieiras (cruas) – 827 mg
- Mexilhões (crus) – 655 mg
- Alga marinha seca – 646 mg
- Ostras (cruas) – 507 mg
- Polvo (cru) – 388 mg
- Lula (crua) – 356 mg
- Peru (cru), carne escura -306 mg
- Frango (cru), carne escura – 169 mg
- Peixe branco (cru) – 151 mg
- Salame (curado) – 59 mg
- Presunto (assado) – 50 mg
- Cordeiro (cru), carne escura – 47 mg
- Carne (crua) – 43 mg
- Atum (enlatado) – 42 mg
- Camarões (crus) – 39 mg
- Leite de cabra (pasteurizado) – 6.8 mg
- Gema de ovo – 3.7 mg
- Iogurte – 3.3 mg
- Leite de vaca (pasteurizado) – 2.4 mg
Quanto Consumir de Taurina?
Atualmente, não existem ingestões dietéticas de referência (DRIs) estabelecidas para taurina, no entanto, geralmente a dieta ocidental típica fornece uma quantidade suficiente para a maioria das pessoas. (3)
Quanto às formas e doses da taurina presente nos suplementos estão disponíveis em pó, cápsulas, comprimidos e em bebidas energéticas.
Sendo que a dosagem recomendada como suplemento dietético pode variar de acordo com o produto específico e o uso pretendido. Em geral, a maioria dos suplementos estão disponíveis em doses que variam de 500 mg a 2.000 mg por porção.
É importante mencionar que a individualidade quanto a resposta de cada pessoa com o uso dos suplementos pode ser diferente e a dose apropriada para cada um pode variar conforme idade, peso, estado geral de saúde e condições médicas.
Por este motivo, é aconselhável seguir a dosagem recomendada indicada na embalagem do suplemento ou orientada por um profissional de saúde. (3)
Como acontece com qualquer suplemento dietético, a moderação é fundamental, e o consumo excessivo de suplementos de taurina além das doses recomendadas pode levar a potenciais efeitos colaterais, incluindo distúrbios gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia e sintomas neurológicos, como tonturas, tremores e dor de cabeça.
Além disso, deve-se ter cautela devido às interações potenciais entre suplementos de taurina e certos medicamentos, particularmente aqueles que têm efeitos contrários, como por exemplo, redução da pressão arterial.
Mulheres grávidas e lactantes, bem como indivíduos com problemas de saúde específicos, como transtorno bipolar, epilepsia ou problemas renais, devem ter cautela e consultar profissionais de saúde.
Conclusão
A taurina tem uma ampla gama de funções na saúde humana. Descobertas recentes sugerem especificamente que a taurina é um agente cardioprotetor promissor, oferecendo benefícios potenciais para a saúde cardiovascular, contudo continuamente a ciência tem estudado esse aminoácido tão importante.
Esse nutriente também tem demonstrado, em estudos em animais, que contribui para reduzir a neuroinflamação em acidente vascular cerebral isquêmico e lesão cerebral traumática.
Recomenda-se uma ingestão adequada de taurina através de uma dieta equilibrada, ingestão habitual através da alimentação < 0,4 g/dia.
No geral, a taurina é considerada segura para a maioria dos indivíduos quando consumida em quantidades moderadas, conforme encontrada alimentação e cautela ao considerar a suplementação em doses elevadas.
Referências
(1) Ates, M., Kizildag, S., Yuksel, O., Hosgorler, F., Yuce, Z., Guvendi, G., Kandis, S., Karakilic, A., Koc, B., & Uysal, N. (2019). Dose-Dependent Absorption Profile of Different Magnesium Compounds. Biological Trace Element Research, 192(2), 244–251. https://doi.org/10.1007/s12011
(2) Schaffer S, Kim HW. Effects and Mechanisms of Taurine as a Therapeutic Agent. Biomol Ther (Seoul). 2018 May 1;26(3):225-241. doi: 10.4062/biomolther.2017.251. PMID: 29631391; PMCID: PMC5933890. https://www.biomolther.org/journal/view.html?uid=948&vmd=Full&
(3) Santulli G, Kansakar U, Varzideh F, Mone P, Jankauskas SS, Lombardi A. Functional Role of Taurine in Aging and Cardiovascular Health: An Updated Overview. Nutrients. 2023 Sep 30;15(19):4236. doi: 10.3390/nu15194236. PMID: 37836520; PMCID: PMC10574552. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10574552/
(4) Rafiee Z, García-Serrano AM, Duarte JMN. Taurine Supplementation as a Neuroprotective Strategy upon Brain Dysfunction in Metabolic Syndrome and Diabetes. Nutrients. 2022 Mar 18;14(6):1292. doi: 10.3390/nu14061292. PMID: 35334949; PMCID: PMC8952284. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8952284/)