Repor ou não repor? Eis a questão! A dúvida sobre entregar ao organismo os hormônios que ele parou de produzir costuma surgir na última transição da fase reprodutiva da mulher: a menopausa.
Isso porque os sinais não esperam e começam antes mesmo da parada definitiva do ciclo menstrual.
Irritabilidade, insônia, fogachos, memória mais deficiente, secura vaginal e uma série de outros sintomas se somam enquanto a progesterona e o estrogênio diminuem. Uma conta que não fecha na calculadora do organismo.
Embora as quedas hormonais aconteçam tanto para homens quanto para mulheres, ao longo do processo de envelhecimento, para elas, o impacto físico, emocional e hormonal é mais acentuado.
É nesse contexto que a reposição se apresenta como um auxílio na diminuição dos desconfortos trazidos pelo climatério – como é chamado o período que abrange as mudanças que ocorrem entre a fase reprodutiva e a pós-menopausa.
Diante da complexidade e completude de cada mulher, a recomendação para repor os hormônios passa, primeiro, por uma análise individualizada que inclui uma bateria de exames laboratoriais – já que o corpo humano consiste num grande sistema integrado.
“Obrigatoriamente, nós devemos investigar também os outros hormônios. A tireoide é uma glândula que também sofre um processo de envelhecimento e que também pode começar a manifestar alguma deficiência nesse período. O nível de estresse que essa mulher tem pode sinalizar um desequilíbrio do cortisol, por exemplo – principalmente se ela dorme mal, porque aí ela tem um descompasso entre melatonina e cortisol. Respeitar essa hierarquia hormonal é muito importante na abordagem que o médico vai ter do tratamento”, explica a médica ginecologista e obstetra, Carla Delascio.
Menopausa x estilo de vida
![](https://wordpress-blog-prime.azurewebsites.net/wp-content/uploads/2023/02/0051_105-1024x601.jpg)
A última menstruação da mulher costuma ocorrer entre os 45 e 55 anos de idade. Mas a forma como os sintomas se apresentam está diretamente ligada às escolhas que ela fez no decorrer da vida.
Segundo Carla, mulheres que têm um estilo de vida mais adequado ao ideal comprovado pela ciência, que praticam atividade física, têm alimentação equilibrada, bom controle do estresse e noites de sono reparador tendem a ter menos sintomas, o que resulta num menor impacto na vida da mulher.
A proposta é aderir ou adequar o estilo de vida a essas recomendações antes de começar a reposição hormonal, para garantir um organismo em plenas condições de metabolizar as substâncias repostas.
“A mudança do mindset é muito importante para resposta terapêutica. Quando tudo isso está alinhado, o hormônio entra e, então, a gente faz a modulação hormonal”, explica a especialista.
Critérios
Para Carla, a confiança no médico escolhido para conduzir o processo é fundamental.
A ginecologista defende que é necessário que a paciente se sinta segura diante da segurança que o próprio médico tem na prática que ele vai aplicar, já que existem várias formas de reposição, como a manipulada, farmacêutica, em gel, comprido e implante.
INDICAÇÕES
É preciso também entender quais são os casos em que a reposição é indicada, entre elas, Carla Delascio destaca a aplicação no tratamento de:
- fogachos;
- síndrome genital urinária (ressecamento vaginal);
- atrofia vaginal;
- osteoporose;
- menopausa precoce (com começo antes dos 45 anos).
CONTRA-INDICAÇÕES
Por sua vez, o tratamento deve ser evitado por quem tem ou teve:
- câncer de mama;
- doenças hepáticas;
- doenças tromboembólicas;
- câncer de ovário*.
No caso de histórico de câncer de ovário, a especialista esclarece que é necessária uma avaliação criteriosa. “Um tumor de ovário que foi do tipo endometriose, por exemplo, realmente tem uma contra indicação absoluta. Os outros tipos merecem realmente serem avaliados em termos de risco-benefício”, detalha.
Não-farmacológico
Para além de medicamentos, hábitos simples são eficientes na diminuição dos desconfortos da menopausa.
Além da alimentação, atividade física, sono de qualidade e gerenciamento do estresse, a suplementação surge como uma alternativa para aumentar a qualidade de vida nesse período.
É indicado ter atenção também à manutenção do bom funcionamento do intestino.
“Um passo muito importante sempre para qualquer pessoa, muito mais naquelas pacientes no período de transição menopausa, é tratar esse processo de disbiose (desequilíbrio) intestinal. Precisamos ter realmente um equilíbrio da nossa flora para que a absorção dos nutrientes seja eficaz, para que a metabolização hormonal seja boa”, finaliza.
Bom lembrar
A reposição hormonal é uma alternativa para reduzir o desconforto durante a transição do fim da fase reprodutiva até o período de pós-menopausa.
A intensidade com que os sintomas são sentidos variam de mulher para mulher, mas são comprovadamente menores naquelas que têm um estilo de vida saudável.
Manter a alimentação equilibrada, praticar atividade física, gerenciar o estresse e ter noites de sono restaurador são hábitos essenciais tanto para uma menopausa mais amena quanto para a eficácia do eventual tratamento de reposição hormonal.
A forma escolhida para repor estrogênio e progesterona está diretamente ligada à prática do profissional escolhido para conduzir o processo. Escolha um médico de confiança que passe segurança acerca do método selecionado.
É essencial considerar o histórico médico, o estilo de vida, o funcionamento do intestino e os parâmetros atuais hormonais para chegar a uma decisão sobre a reposição adequada – que deve ser individualizada, considerando sempre o risco-benefício.
Procure um profissional da sua confiança e, caso necessário, converse com outros médicos para definir o melhor caminho para tornar essa transição um período mais saudável e tranquilo.